sábado, 19 de março de 2011

Não deu. De novo! Pela última vez...

Pela última vez no ano, acho. A não ser que aconteça mais uma competiçãozinha mequetrefe da Federação Paulista, mas o campeonato que vale mesmo, acabou hoje pra mim, pois domingo que vem tenho o aniversário de um dos meus melhores amigos e vou ter que faltar ao jogo contra o Red Bull. Bom, aqueles que não perdem nenhuma oportunidade de fazer alusões ao meu pé frio podem considerar isso auspicioso, se servir de consolo.

Hoje o São Bento jogou contra um adversário direto na luta contra o rebaixamento, time contra o qual tivemos nossa única vitória fora de casa no primeiro turno e que me deixou muito intrigado pelo fato de ter uma torcida! Ou melhor dizendo, pessoas no local destinado a eles, manifestando interesse na vitória, se preferir, pois nada pode me explicar como alguém torce pro Palmeiras B!!! E não me venha dizer que são Palmeirenses, pois isso seria tão escroto quanto se orgulhar pela Bruna Surfistinha ser de Sorocaba ou bater no peito pra dizer que a coxinha da Real é a melhor do mundo! EU SOU PALMEIRENSE e a existência desse time b conta com o meu solene desprezo, na falta de definição melhor. Fato é que tinha gente lá...

E logo no início do jogo, eu me lembrei de leve porque ando tão ausente de estádios de futebol: por causa dos filhos da puta que frequentam!!! Na minha frente, 4 folgadões em pé, conversando. Começa o jogo, nada deles sentarem. Vou até eles, que estavam vestidos igual gente, sem farda de torcida organizada ou algo nesse sentido, e perguntei se eles pretendiam assistir ao jogo em pé. A resposta já me preocupou:

- Nóis vai, sim!

Não dá pra tentar argumentar ou manter qualquer tipo de relacionamento com alguém assim, mudei o tom de voz e perguntei se as pessoas que estavam sentadas atrás deveriam se foder:

- Óia, o jogo tá passano na televisão, qué sussego fica em casa, e ó, vai pra lá que é mió...

Eu fiquei olhando... aqueles 4, tudo tripa, na arquibancada, dava fácil pra arrebentar os 4 ali, rapidinho, arquibancada abaixo, não tinha erro. E foi o primeiro jogo sem o Duda, o que me impedia? "Exame de vida pregressa e conduta social", tem essa fase no concurso, e acho que não pegaria bem se isso aparecesse na minha vida pregressa. Aceitei o conselho do celerado sem apreço pela língua portuguesa e fui "pra lá", pensando em como a lógica dessas pessoas é formidável: Quer sossego, fica em casa! Eu não posso ir ao estádio de futebol, a menos que me comporte como um troglodita sem a menor noção de condutas sociais, certo? E a minha única exigênciazinha era assistir ao jogo sentado. "Ah, lugar de assistir sentado é numerada", é o caralho! Sei que tem um monte de gente que é contra a elitização dos estádios, que está tirando o verdadeiro torcedor dos estádios, mas se o verdadeiro torcedor é ISSO AÍ, quero que a elitização chegue o quanto antes! Porque, se o cara tem toda essa ânsia de assistir ao jogo de pé, que vá para o meio do furdúncio, na organizada, e não num setor do estádio onde TODO MUNDO MENOS ELES 4 estão sentados!

Será que é essa a tal "cultura de arquibancada"? Pra mim, é simplesmente falta de educação mesmo, um produto tão brasileiro quanto a capoeira, o carnaval, o samba e o cafézinho (em todos os sentidos). A pessoa não tem educação, no nível mais básico, e tenta submeter os outros ao seu mundo. É claro que é muito triste, ninguém vai ao estádio de futebol pra ficar nervoso, se sentir ameaçado, ter menos direito que o outro que pagou o mesmo tanto que você pela mesma coisa, e não poder fazer nada!

Tudo isso tirou uns 85% do meu astral, num dia em que eu me programei para, pela primeira vez, fazer tudo como manda o figurino: chegar antes dos times entrarem em campo, coisa fundamental que ainda não tinha experimentado! Depois, durante 90 minutos, voltamos a expor nossa ruindade daquele modo costumeiro, sem nunca dar à torcida alguma esperança de poder vencer o jogo. E com 10 minutos, já veio o primeiro comentário de que o empate era vantajoso. Levamos um gol, tivemos um jogador expulso tolamente, depois um palmeirasbesense conseguiu a mesma coisa, com maior estupidez e já no final, quando atacávamos de forma destrambelhada, levamos o segundo, com requintes de crueldade, pois houve falha do Henal, nosso goleiro...

Eu ia dizer que o Henal é o "xodó da torcida", mas não é o caso, pois pra mim, "xodó" é algo mais ligado àquela ideia de filho drogado e vagabundo, cretino, facínora e manipulador, mas que mesmo assim, é o preferidinho da mamãe. O Henal é o único jogador digno em todo o elenco, e isso ficou claro em sua reação contrita após o gol que sofreu. Que os jogadores estejam preocupados com os salários atrasados é um direito legítimo deles, mas o único que me parece também estar preocupado com o São Bento é o Henal, que teve o nome gritado ao final do jogo, mas que, de forma humilde e honesta, dirigiu-se cabisbaixo ao vestiário, talvez sentindo-se indigno daquela homenagem!

A probabilidade do São Bento estar na Terceira Divisão no ano que vem tornou-se bem grande, mas longe de ser insuportável. Tudo bem que o que venha por aí seja Batatais, Força, SAAD ou a Desgraça de Limeira, pouco importa! Com o Bento onde o Bento estiver, refrão do Gremista Lupcínio para o nosso time Blue, que merece o bom lamento de um Blues, pra ver se alguma beleza surge dessa tristeza toda!

Allez, le bleus!

Daqui a pouco eu me dirijo ao CIC pra nossa final de Copa do Mundo. Foi um campeonato longo e o máximo que a gente conseguiu foi chegar aqui brigando pra não cair pra terceira divisão. Foda-se, é o rio que corta a minha aldeia, saca?

Vi o São Bento ganhar só um jogo no CIC, o primeiro que eu fui e achei que ia ser tudo do caralho!

Bora bentão, que eu tou sentindo que é hoje!

sexta-feira, 11 de março de 2011

O Mundo Anda Tão Complicado...

O mundo do São Bento, então... onde a gente parou? Sim, perdemos de "revirada" em casa para o São José e pelo menos a sensação que ficou foi a de que uma derrota honrosa nos devolveria ao menos a esperança de escapar da terceira divisão, correto?

Bom, aí os jogadores entraram em greve. Não, antes disso, o Steve, camaronês que era seguramente o nosso jogador com maior intimidade junto ao ofício de jogar futebol, se desligou. Largou mão, esse negócio de não receber salário, ser despejado e de vez em quando não ter nem comida, pesou. Né? Aí os jogadores entraram em greve e, rien l'argent, era WO contra o Cavanhaquense e isso significaria cair para a vigésima segunda divisão ou algo do tipo. Aí o presidente fez umas promessas, a torcida foi lá pedir e os caras voltaram de Santa Bárbara com um empate heroico, gerando expectativas para o que seria o Dérbi da Humilhação!

Não tanto a humilhação em virtude da quilométrica discrepância técnica entre as duas equipes, o jogo esteve até equilibrado e perdemos um pênalti quando perdíamos por 1x0, a coisa poderia ser diferente, mas não foi. Perdemos e fomos humilhados, vejamos:

#Humilhação 1: Acho que não temos médico. Sim, pois em todos os momentos em que um jogador nosso caía, ia um cara do Atlético Sorocaba junto, e eu presumo que seja um médico. Mas vem cá, um time que não paga salário, não tem onde treinar, falta bola (no sentido literal), seria mesmo HUMILHAÇÃO não ter um médico? Isso me lembra a época em que o Atlético-GO, muito mal das pernas, viu um jogador ir embora reclamando que no clube não tinha nem sabonete pra eles tomarem banho e o presidente, indignado, falou que o jogador estava "conversando fiado", pois o que ele tem que reclamar de sabonete, sendo que a água está cortada há dois meses?

# Humilhação 2: Intervalo de jogo, perdendo de 1x0, uma meia dúzia de membros da torcida organizada que não é a principal, vai até a mureta da arquibancada e começa a entoar cânticos de guerra, sangue, morte, contra o adversário... e eles fazem isso com tamanho prazer, que me faz sentir uma vergonha alheia insuportável! Primeiro porque eu já acho de uma estupidez siderúrgica esse negócio de guerrinha entre torcidas organizadas, odeio TODAS que se dedicam a isso, sem exceção. Segundo, concordo integralmente com o Fefas sobre essa necessidade de criar uma rivalidade sem nexo com esse time aí do Reverendo, que, pelo baruio da charrete, daqui uns dias pode muito bem se chamar Atlético Pindamonhangaba e tá tudo certo. A relevância desse outro time ser de Sorocaba é a mesma que a Bruna Surfistinha também ser daqui, altera nada no contexto.

# Humilhação 3: Finzinho de jogo, perdendo de 2x0, mais uma vez dois jogadores expulsos, e o adversário, nitidamente, fica com dó. A torcida, afinzona de tripudiar e chutar cachorro morto com os gritos de OLÉ, e os jogadores do Reverendo na manha, sem machucar. Me lembrou muito o bordão de bandido que é preso e pede pro delegado "Dr., por favor, não esculacha", que na gíria deles, significa não abusar no lance de dar porrada, ou dar porrada em lugar indevido, enfim, não esculachar. Ficou quase nítido que os nossos pobres jogadores estampavam na cara um "não esculacha" que acabou comovendo os atleticanos, mas não sei, acho que no cômputo geral, essa dózinha acabou sendo pior, viu?

# Humilhação Master: Encontro o William, do "Vamos Subir Bento" e ele diz que o importante foi a missão cumprida, 59 mil de renda, ia dar pra pagar o salário dos jogadores... quer dizer, no fundo, nós fomos para o jogo como se fosse o cadafalso, sabendo que o pior nos aguardava! Quer dizer, quem, em sã consciência, poderia imaginar que o resultado seria diferente? Fomos lá dar a nossa contribuição para o time não acabar imediatamente, recebendo em troca um instantâneo da nossa inferioridade!

Eu ouço falar no São Bento desde que me entendo por gente, devido à minha ligação familiar com a cidade, e sou do tempo em que ocasionalmente o São Bento aparecia nos Gols do Fantástico, pois era figura obrigatória na primeira divisão paulista. Demorei pra me envolver com o time depois que me mudei pra cá, mas não quero perder isso. Depois do jogo, descendo aquela rua do estádio com o Duda no meu cangote, pensei que quero isso pra sempre, ou enquanto o Duda quiser, pelo menos. Confesso que jamais me importarei com os resultados, a qualidade do time ou a divisão que disputa, mas o que me preocupa hoje é que vejo um fim para esse time de tanta tradição...

Curioso, na segunda feira veio um casal em casa e falei pro cara que estava levando o Duda nos jogos do São Bento, íamos em todos! Ele achou massa e perguntou para o meu co-cunhado se ele também ia, a resposta: "Eu até fui nos dois primeiros jogos, mas o time é muito ruim, não dá ânimo pra ir"... quem haverá de criticá-lo? Eu, até com uma polidez incomum, disse que isso era um espírito próprio de sãopaulino que o palmeirense não pode se dar ao luxo de ter, pois se for esperar um time bom pra acompanhar, vai ficar muito tempo tendo que arrumar outra coisa pra fazer. Mas aí, depois do dérbi, vendo o meu desolamento, esse mesmo co-cunhado me disse que não entendia como Sorocaba, com um monte de empresas, não conseguisse uma pra "abraçar" o São Bento... na hora, pensei em dizer que o motivo das empresas deve ser o mesmo dele pra não abraçar o São Bento: "Ah, o time é muito ruim"...

Eu, aqui, não estou querendo criticar ninguém especificamente, e sim, o comportamento modinha de só ir na boa. Sim, todo mundo tem seus afazeres e eu, um ano atrás, não poderia sequer lembrar que o São Bento existia, dada a minha carga horária exótica de trabalho, mas mesmo assim, vejo um envolvimento quase nulo das pessoas com o time. Procuro me sentar sempre no mesmo lugar do estádio, não por superstição, mas por atavismo mesmo, imagino que um dia ainda criarei um ambiente de estádio como o que eu tinha nas cadeiras amarelas do Serra Dourada, mas o que vejo, ao contrário, é uma turma nova a cada jogo. Gente que se denuncia achando que o Lucas Biselli é bom, pois esse é um autêntico jogador "Quase". As jogadas dele QUASE dão em alguma coisa, sempre! E esse pessoal normalmente sai jurando não voltar enquanto o time estiver ruim desse jeito... estão errados?

Agora ficou muito nítido que o nosso papel até o fim do campeonato será brigar pra não cair e ouvi do próprio Presidente do time, na academia, que faltam só 4 pontos para nos livrarmos de vez do rebaixamento. Mas, independente de estarmos na segunda ou terceira divisão no ano que vem, não tenho muita certeza se existiremos até lá. Enquanto isso, vamos torcer, que é a parte que nos cabe nesse latifúndio!